Portugalidade: Piódão, a aldeia-presépio do Açor


Encravada  na Serra do Açor, Piodão é uma espécie de bilhete-postal, daqueles que nos enviavam no tempo em que não havia Internet. 

Chegar à aldeia histórica de Portugal, no concelho de Arganil, é um pouco como recuar a esses tempos, em que as chamadas se faziam de uma cabine telefónica pública, em que não havia redes sociais, em que o Mundo pára para nos deixar respirar.


A paisagem é de cortar o fôlego, com nascentes de água a correr por todos os lados, onde a ruralidade domina, onde a ancestralidade ainda é rainha, e a agricultura de subsistência alimenta mais do que nas cidades famintas. 

É sobejamente conhecida pela disposição única das suas casas, numa espécie de anfiteatro, que se molda à paisagem, e que à noite, quando as luzes se acendem, forma um postal único, digno de capa de revista. É o seu verdadeiro cartão de visita e por isso também é apelidada de aldeia-presépio. 

A marca desta aldeia serrana de ruas estreitas e sinuosas é o xisto, material abundante na região, que é utilizado na construção das casas e no chão das ruas, onde o azul pontua e lhe dá identidade.


A Igreja matriz destaca-se ao longe, à medida que descemos para a aldeia, para depois a subirmos a pé se a quisermos descobrir como ela merece. Construída no início do século XIX, o seu branco impecável está ali há décadas, como se nunca quisesse nem borrar a pintura, nem descaracterizar o quadro. 

A população que aqui vive e se instalou a partir do século XV ainda pasta os seus rebanhos, espalha os cereais no local comunitário junto da Eira, sobe a calçada estreita, que recorda os tempos medievais e produz os sabores da terra, nomeadamente o licor de castanha e a aguardente de mel. E, se a visita for no inverno, garanto que não há sabores melhores em todo o mundo. 


Se nunca foi, não pode deixar de a visitar. É um dos nossos maiores tesouros e dos mais bonitos do Mundo! 

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