Um cartão partidário com seguro para a vida

A democracia é mesmo o sistema mais perfeito até que nos provem que há outro melhor. Mas, tal como todos os sistemas políticos, padece de males, que, se não forem combatidos, correm sérios riscos de minar os pilares do chamado Estado de Direito. 


Esta segunda-feira, a Fundação Francisco Manuel dos Santos, apresenta um estudo que, sendo surpreendente, não nos traz nada de novo. 

Intitulado 'Ética e integridade na política: perceções, controlo e impacto', revela dados sobre o que separa cidadãos e políticos quanto à corrupção. 

Uma das suas conclusões é a de que a nomeação de familiares para cargos políticos é um dos temas que mais separa cidadãos e políticos. Há muito que assim o é. O melhor exemplo que devíamos ter de sacrifício e trabalho não vem de cima, mas sim de baixo, das classes médias e pobres, que, para sobreviver, têm de passar tormentos enormes. 

Mas neste País, ter-se cartão partidário é garantia de seguro para a vida. Não está em causa a confiança política, legítima, está apenas em jogo o facto de essas escolhas serem sempre feitas sem crivo técnico e profissional exigente. 

É por isso que a democracia empobrece há mais de 40 anos. É por isso que os cidadãos estão afastados de quem os lidera. É por isso que, cada vez mais, não confiamos em homens e mulheres sem sentido de Estado nem respeito pela velhinha res pública (causa pública). Por tudo isto, sem sinais de reconversão, teremos décadas futuras sombrias, sem uma luz que anteveja a mudança. 

Sobreviveremos. Como todos antes de nós. Mas, numa desigualdade profunda, assustadora e que, na realidade, toca a maioria daqueles que compõem este País. 

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