António Lobo Antunes: a inquietação permanente em mim (Parabéns, ALA!)


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Tanto ruído no interior deste silêncio: são as vozes dos outros a falarem em mim, pessoas de quem gostei, pessoas que perdi, gente que tenho ainda. Não me parece que herdei muito dos meus pais, dos meus avós: algumas coisas mais ou menos superficiais, mas lá no fundo nada. Princípios. Regras. O resto, quase tudo, fiz sempre sozinho (...)». 

António Lobo Antunes. Visão.

Faz hoje 81 anos. É, para mim, o escritor que percorre a totalidade das minhas entranhas. Odiado por muitos, amado por outros tantos, há uma forma única de se ser ALA (António Lobo Antunes): ou vamos com tudo ou não vale a pena ir. 

Este 1 de setembro é o dia em que lhe celebramos a vida. O dia que marca o começo de um génio, que a literatura portuguesa já inscreveu no seu legado. 

O seu primeiro livro, “Memória de Elefante”, publicado em 1979, tornou-se um dos maiores para quem é seu leitor incondicional. Desde então publicou cerca de quatro dezenas de romances. 

Premiado inúmeras vezes ao longo das últimas décadas, é um escritor unânime na sua intensa forma de escrever. O Nobel nunca chegou, e provavelmente, não chegará. Sei que ainda sonha com ele, apesar de sempre ter dito, rabugento, que não. Mais do que a polémica em torno disso, é que se há alguém que o merece é ele. 

ALA não é só um escritor brilhante, difícil de interpretar, é certo, mas extraordinário. Carrega em cada palavra e obra, a emoção da história. Coloca-se na pele das personagens como ninguém e é isso que faz dele um dos maiores escritores portugueses de todos os tempos. Do seu tempo. 

Neste 1 de setembro em que celebramos a sua vida, um beijo, meu querido António, continuas a ser a inquietação permanente em mim. Um beijo no sopro do teu sorriso doce e das tuas mãos trémulas e, ao mesmo tempo, firmes e ávidas de caneta e papel. 

Foto: Dirk Skiba para o Festival Literário de Praga.


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