Habitação: a crise de um País

Portugal, à semelhança da tendência europeia, vive uma das mais nefastas crises dos últimos anos. 

Foto: Pixabay

Ainda que com o mal dos outros, possamos nós bem, a verdade, é que se torna doloroso, diariamente, assistirmos à indignidade humana que se vive no nosso País. 

Comprar ou arrendar casa, nos grandes centros urbanos, tornou-se um pesadelo. O grande objetivo de vida, que pautava as famílias há 40, 50 anos, deixou de o ser. Os nossos pais, avós, todos, tinham essa meta, que concretizaram, com sacrifícios: comprar a sua própria casa. Um capital sagrado que superava muitos outros. Hoje, essa parece ser apenas uma miragem para muitos e impossível de cumprir. 

A crise da habitação é séria. Vemos, todos os dias, situações-limite, degradantes, que atingem famílias inteiras, mulheres grávidas que, ainda antes de terem os seus filhos, partem angustiadas para a maternidade. Portugueses e imigrantes. A crise no mercado atinge todos, sem olhar a nacionalidades, idade ou condição. 

Enquanto atinge os outros, não nos importamos. Mas quando nos toca a nós, percebemos a ferida que se abre e o impacto que isso pode ter nas nossas vidas ou daqueles que estão à nossa volta. 

O poder político e os sucessivos governos empurram o problema com a barriga e ignoram profundamente os impactos que este problema está a ter na estrutura social do País. 

Perguntamo-nos como é possível que o preço de um pequeno T1 supere, em muitos casos, o valor do ordenado mínimo nacional (870 euros). São cada vez mais os que, tendo emprego, não conseguem pagar uma casa. 

Estamos a caminho de mais umas legislativas. A pergunta que deixo a todos os políticos é só uma: vão centrar-se em guerras de ‘alecrim e manjerona’ ou vão, responsavelmente, centrar a prioridade nos reais problemas das pessoas? O tempo provará o que realmente vos importa.

Podcast/Opinião de 24 de março de 2025 na Antena Livre. OUVIR.

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