Anthony Bourdain: resgatar o futuro por cumprir

Entalau, Sarawak, Malásia. «Prometi ao chefe da aldeia que voltava. Dez anos depois, cá estou eu. Subi de novo o rio (Skrang). Com ele a ebulição de uma década da minha vida. Passada. Os últimos dez anos endureceram-me. Não sei o que isso diz de mim, mas assim é», 'Anthony Bourdain - Parts Unknown'. 

Crédito da Foto: David Scott Holloway/GQ

Texto: Ana Clara

Nos últimos capítulos da tua história, resgatei-te. E continuo a resgatar no futuro que resta para quem ficou. Continuo a viajar contigo, descalço, com o coração e a alma sempre disponíveis para criar laços com o Mundo desconhecido. Seja no mais recôndito lugar da Malásia, nas florestas do Vietname ou nos bairros arménios de Istambul. Sei apenas que não morreste nas vidas que atravessaste, porque caminhamos nos teus sorrisos sem mágoas, no teu olhar profundo recheado de vincos intransmissíveis e nas emoções de um simples prato de boa comida. A mesma que une povos sem o saberem. 

Se a vida tem heróis, todos eles se encontram onde a maré esvazia, onde a brisa de um vento do Norte sopra à boleia da estrela mais brilhante, e onde as eternidades mais díspares se fundem e se amarram em sinfonias de cores persistentes. 

São todas essas memórias de quem, como tu, partiu mais cedo, que se erguem para reconstruir de novo uma imensa pérola de Humanidade. Sem Bourdain, há coisas que nunca mais serão iguais. Mas não o sendo, permanecem intactas na brisa de todos os verões inacabados e de todas as outras estações em construção. 

Eu, serei sempre 'team' Bourdain, das que não quebram nem esvoaçam em vão, e que entram sem pedir licença. Porque é nas asas da Eternidade que os grandes se superam e nunca tombam!

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