Deficiência em Portugal: os extraordinários Salvador e Hélder!

A vida (profissional) tem a capacidade de nos moldar, de nos tornar seres humanos melhores que ontem, de fazer com que olhemos a vida com outra relatividade, sem merdas (perdoem-me a expressão). 

Salvador Mendes de Almeida. Foto: Associação Salvador

Quis o destino (ou não) que me tivesse cruzado com as histórias de dois homens extraordinários: o Salvador Mendes de Almeida (tetraplégico desde os 16 anos) e o Hélder Mestre (tetraplégico desde os 19). Ambos da Associação Salvador, fundada em 2003, fruto da vontade de Salvador, na sequência do acidente que havia de lhe toldar a vida para sempre. Não cruzou os braços, lançou-se na ajuda a todos aqueles que, como ele, viram o futuro sombrio. Mas onde a luz foi mais forte. Onde o querer virou vitórias e conquistas. 

Já o Hélder, atleta paralímpico (atletismo), e funcionário da Câmara Municipal de Lisboa, é um ser de luz, que não cedeu (quando seria normal) ao trágico acidente que o deixou numa cadeira de rodas. Foi no desporto que encontrou o alento que precisava para não desistir, mas também na sua forma simples e leve de encarar o que o destino (ou a fatalidade) tinha para si. Enfrentou tudo, e além de olhar em frente, sem medos, foi no desporto (que lhe está no sangue desde criança) que encontrou uma força de viver imacreditável. É o único atleta paralímpico do mundo com três recordes mundiais: 800m, 1500m e meia-maratona. Bateu o recorde da Europa nos 5000m. É ainda o único português a conquistar uma medalha num campeonato mundial em cadeira de rodas: 3º lugar nos 400m do Campeonato do Mundo de Londres, em 2018. Em 2024, no Dubai, Grand Prix - Fazza International Championships, o Hélder bateu o seu recorde pessoal nos 100 metros. Não é para todos, mas sim para os especiais!

Hélder Mestre. Foto: Direitos Reservados

Curvo-me, perante os dois, e desejo que continuem a ser o exemplo para tantos num País que tem desinvestido na proteção social das pessoas com deficiência, abaixo da média da União Europeia (UE), segundo o relatório ‘Pessoas com Deficiência em Portugal - Indicadores de Direitos Humanos 2024’, publicado em Abril deste ano. 

E tal como o Hélder me confidenciou, em jeito de conselho a todos os que passaram ou estão a passar por esta condição: “não podemos pensar que somos imortais. Quando fizerem coisas, façam por vocês e não para mostrar aos outros. Isso é o mais importante”. 

Em breve, as suas histórias num jornal perto de si!

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