Novembro: o mês que me pertence (mais que os outros 11)

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O mês que acaba de entrar pertence-me. Não que seja meu, porque é-o de todos vós, como os restantes 11. Mas vinca-se em mim porque é inato, intrinsecamente conselheiro e violentamente sombrio em certos anos. Por vezes excede-se e pergunta-me se sofro com esses longos dias e curtas noites. Não lhe respondo. Sorrio-lhe, com ar matreiro, com ânsias de o enganar. Quando ele ainda nem a meio chegou, faço-o perceber que não é dele que dependo, que não fico presa à sua presença. Reconheço-lhe somente o guardador de sonhos que ele é no relógio que assinala vidas, nas horas que marcam despedidas e no tempo que há-de passar. O mês que entra é do mundo, mas pertence-me mais que os outros 11. É só mais um Novembro. É só mais um ano. Só ele e eu. Só eu e ele. Só ele e nós (filhos e filhas de Novembro).

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