«Claraboia». O romance esquecido de um génio chamado Saramago.

«Claraboia». É o romance esquecido de José Saramago. Longe dos holofotes de outros títulos que lhe valeram a crítica e o reconhecimento foi a segunda obra do escritor, depois do conhecido «Terra do Pecado» [que poucos foram os portugueses, provavelmente, que também o saborearam]. Tinha-o guardado há seis meses no topo da pilha que aguarda leitura. Coloquei-o propositadamente no topo para que todos os dias me lembrasse que não podia morrer sem o ler. Quando, no princípio da década de 50, o nosso Prémio Nobel o propôs a publicação, foi rejeitado. Mas só 40 depois depois viria a receber uma resposta, quando já se tinha tornado um dos mais aclamados escritores portugueses de sempre. A obra conta a história de um prédio banal no início dos anos 50, centrando-se nas vidas dos seus habitantes. Vidas que se cruzam com um Portugal austero e longe da veia democrática. Saramago já não o viu ser publicado, já que o feito só chegou mais de meio século depois de o ter concluído [2011], por vontade da família. Seja como for, «Claraboia» cumpre a expectativa desta leitora - que nunca foi conquistada por Saramago mas que reconhece o brilhantismo da sua obra - e encheu-me de uma alegria imensa. «Claraboia» é Saramago. «Claraboia» é o génio em crescimento. «Claraboia» é a força viva que Saramago, lá do alto da sua árvore preferida, há-de continuar a provocar em cada um de nós, que não vive sem a sua escrita. Mesmo para aqueles que, como eu, não foram penetrados por ela. Mas que, sem ela, respirar também se torna mais difícil. Platonismo sugere que o leiam. Porque «Claraboia» deixa em nós a marca eterna de um génio que nunca desaparecerá.



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