Uma geração infeliz.
A crise, as dificuldades dos portugueses e o
desemprego. São temáticas que tenho abordado na Antena Livre semanalmente. E
por mais que tente virar a agulhar, tristemente a realidade não me deixa. Na passada sexta-feira o ministro das Finanças
anunciou os resultados do sétimo exame regular da Troika ao programa de
ajustamento financeiro. Além do corte de 4 mil milhões de euros na despesa,
esperávamos que os ventos começassem a soprar de forma diferente. Mas aconteceu
o pior. Os números são claros. Em 2013 a recessão económica será de 2,3%. Em
2014 o desemprego atingirá a casa dos 19% e o défice, esse, andará na casa dos
5,5% este ano. E, pela primeira vez o ministro das Finanças, Vítor
Gaspar, respondeu, por duas vezes, com um “não sei” a perguntas dos
jornalistas. Resposta incompreensível que remete para previsões económicas do
Governo frequentemente erradas.
Com o falhanço brutal da política económica em marcha
e que é imposta por uma Troika que já admitiu que a austeridade não funciona,
Vítor Gaspar fica com a legitimidade técnico-política fragilizada.
A austeridade era e é necessária, comos sempre o
defendi. Mas nunca pode ser exercida no espaço de tempo calculado pelo Governo.
Ela tem de ser permanente e mais suave. Está à vista de todos o porquê do
falhanço.
Resta saber o que mais irá acontecer a este país. Um
país que não tem alternativa política nem de esquerda. Que não tem Presidente.
Um país que já entrou no abismo e desespera diariamente por um balão de
oxigénio que não chega.
E o maior medo que me atinge é saber que, ainda que
este Governo aguente até ao fim da legislatura, não temos solução política
melhor. Porque não temos soberania económica, não temos dinheiro e cada vez
temos menos país.
Como diz o novo papa Francisco, talvez seja bom
começarmos todos a pensar como pobres e aprender a viver como tal. O cenário
hoje, 18 de Março de 2013, não nos dá alento para mais. Que o futuro seja o oposto.
Crónica, 18 de Março, Antena Livre, 89.7, Abrantes.
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