PCP: a celebração dos 99 anos num momento difícil
O
Partido Comunista Português (PCP) festeja os seus 99 anos. Apesar de o
centenário ser apenas em 2021, o partido celebrou este fim de semana o número
redondo que tem no currículo.
Falar
do PCP é falar de um legado político e partidário que se confunde com Portugal,
com a democracia e com os períodos conturbados antes dela.
De
Bento Gonçalves a Álvaro Cunhal, este é um partido que conta com inúmeras
figuras de peso que lhe deram substância, que nunca o desvirtuaram, mesmo
quando os tempos de mudança pairavam no ar, mesmo quando mundial a evolução
matava as ideologias.
Em
2020, o mundo mudou, mas no PCP, isso é uma condição assumida de uma perspetiva
bem diferente. Os comunistas “continuam de pé”, como diz o atual
secretário-geral, Jerónimo de Sousa.
O
combate e a determinação são duas das maiores qualidades de um partido que teme
descaracterizar-se e vender-se ao capitalismo, como disso é bom exemplo a
relação que o partido criou recentemente com o poder, na Geringonça.
Se
nos lembrarmos do slogan com que o PCP se apresentou às legislativas de 2019,
percebemos todos como na Soeiro Pereira Gomes esquecer o ADN da casa é um crime
de lesa-pátria. O slogan era: “um programa patriótico e de esquerda”.
O combate e a determinação são duas das maiores qualidades de um partido que teme descaracterizar-se e vender-se ao capitalismo.
99
anos não é um legado qualquer e muito menos é para todos. O PCP, ainda que
preso na cápsula do tempo, não inventa, não cria medidas bandeira para encher
parangonas de jornais. Para o bem e para o mal, é verdadeiro consigo mesmo e
com o seu eleitorado.
Todavia,
sabemos todos – os comunistas e os outros – que a Humanidade segue em mudança a
cada segundo. Mas o PCP há-de continuar
a existir, com a força social que tem. O País precisa dele. As pessoas também.
Mesmo que aqueles como eu estejam bem longe da trajetória das convicções da
foice e do martelo. Com uma diferença de quase 100 anos, a verdade é que o
comunismo português recarrega baterias a cada tombo. A rua é e será sempre o
palco da sua força.
O próximo desafio: a transição do poder interno e
a saída de Jerónimo de Sousa. Seja como for, haverá de sobreviver porque as
bases do comunismo não se deixarão vencer por forças externas, se tiverem de morrer,
será com a espada lançada no seu interior.
Crónica desta segunda-feira, 9 de março, na Antena Livre, 89.7, Abrantes. Ouvir.
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