Trabalha-se cada vez mais horas para pagar a renda nas principais cidades portuguesas


Dados recolhidos e analisados pelo Nestpick.com mostram que, em 2019, o preço dos alugueres de média e longa duração em duas das principais cidades portuguesas subiu mais do que na maioria das principais cidades europeias.

De acordo com uma análise recente do Nestpick.com, o maior agregador de apartamentos mobilados para arrendamento de média e longa duração, em Portugal tem que se trabalhar cada vez mais horas para pagar a renda, tendo em conta que o aumento dos salários não acompanhou a subida do custo dos alugueres.

Segundo esta plataforma de pesquisa de casa, que agrega oferta de casas anunciadas nas principais páginas web de alugueres, e conta com mais de um milhão de propriedades listadas em todo o mundo, o preço médio da habitação em Portugal subiu notoriamente no último ano, sendo cada vez maior a parcela do salário necessária para pagar a renda nas principais cidades portuguesas.

Tendo como referência o custo médio mensal do arrendamento de um apartamento mobilado com 1 quarto, as cidades que registaram maiores subidas no período compreendido entre janeiro 2019 e janeiro de 2020 foram Coimbra, com um aumento de 83% e onde o valor passou de uma média de 410 euros para 750 euros, e Porto, com uma subida de 82,5%, onde o custo médio chegou aos 1.440 euros em janeiro deste ano. Lisboa foi a única cidade que não registou incremento, situando-se o custo médio da renda na ordem dos 1.300 euros.

De acordo com os números da Nestpick, o aumento das rendas em Coimbra e no Porto estão muito acima do registado em grandes cidades europeias, como Paris (40%), Madrid (38,5%), Londres (16%) e 3,8% em Berlim, cidade com uma das mais baixas taxas de habitação própria da Europa e onde as autoridades recentemente tomaram medidas para congelar o aumento do preço das rendas e travar a crescente falta de habitação a preços acessíveis.

Tendo por base o valor médio das rendas de apartamentos mobilados com 1 quarto, das cidades analisadas a mais cara é Londres com 2.625 euros por mês, seguida de Paris, 2.345 euros, Madrid com rendas que rondam os 1.700 e finalmente Berlim cujo valor de 1.470 euros está muito perto dos 1.300 euros de Lisboa.

A realidade dos rendimentos disponíveis e o custo de vida estão a constituir um obstáculo às empresas e às cidades que lutam para atrair mão-de-obra altamente qualificada. Segundo o Instituto Nacional de Estatística, em 2019 o salário médio bruto em Portugal chegou aos 1.276 euros, crescendo 2,7%, mas ainda assim quase 64% abaixo da média europeia que é de 2091 euros brutos mensais, de acordo com o VII Monitor Anual de Salários da Adecco. A diferença entre Portugal e Alemanha, por exemplo, é de 1.518 euros por mês, ou seja, um trabalhador em Portugal tem de trabalhar, em média, mais de 26 meses para ter rendimentos semelhantes ao de um trabalhador alemão, em apenas um ano. 

A curta diferença entre o custo médio de arrendamento em Lisboa e Berlim (13%), significa que um trabalhador em Lisboa tem que trabalhar muito mais horas por mês para poder pagar um aluguer em comparação com um trabalhador em Berlim.

“O preço do arrendamento em Portugal tem vindo a subir ano após ano e a análise dos dados que temos de 2019 destaca que esta tendência não mostra sinais de abrandamento, pelo menos a curto prazo”, afirmou Ömer Kucukdere, fundador e CEO do Nestpick.

Nota: isto era a realidade há uma semana. Hoje os impactos da realidade serão, seguramente, outros. 

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