Scorpions: o regresso a ‘casa’ e uma estreia no Rock in Rio Lisboa

Banda lendária alemã pisou os palcos da primeira e mítica edição Rock in Rio, no Rio de Janeiro, Brasil. Corria o ano de 1985. 39 anos depois regressam ao festival, na capital portuguesa (um pouco já a sua casa), onde actuam pela primeira vez, este sábado, 15 de Junho. Em 2025, celebram 60 anos. Para o bem e para o mal, poucos são os que podem dizer o mesmo e, à beira desse feito, continuam a arrastar fiéis multidões aos seus concertos. Gostar de Scorpions não é uma coisa banal, é ser rock believers uma vida inteira! 


Texto: Ana Clara

Esta é uma história de amor. Com Portugal. Para a maioria das pessoas que ler este texto, soará ao famigerado lado “azeiteiro” que tantos apregoam. Para a autora deste blogue é, quase há 25 anos, uma filosofia de vida. Do convento do Beato - quando gravaram o Acoustica, em 2001 - até aos infinitos palcos da capital portuguesa, passando por outras cidades europeias, são muitos os rochedos inscritos na estória que se conta por este blogue há muitos anos. Este sábado, no Parque Tejo, em Lisboa, não será ainda o capítulo final, apenas mais um parágrafo de um livro inacabado.

Esta história de amor entre Portugal e os Scorpions já conta muitas teias de aranha, mas, uma das mais consagradas bandas de sempre da segunda metade do século XX - goste-se ou não -, regressam sempre a um País onde as memórias, de Norte a Sul, são das melhores do percurso.

Em quase 60 anos de palcos, os Scorpions, de Klaus Meine, Matthias Jabs e Rudolf Schenker, são, pese embora o peso dos anos, uma chama de rock. Puro rock e as baladas pelas quais muitos, na década de 80, se agarraram. Mesmo velhinhos, continua a haver o rochedo da experiência, que apenas está ao nível dos bons, escorreitos e profissionais.

O famigerado “The Zoo” brilha sempre neste casamento perfeito, de décadas, com o público português. Tal como o momento acústico das tão desejadas baladas “Send Me an Angel”, “Eye of the Storm” e “Wind of Change”.

“Blackout”, “Big City Nights”, “Still Loving You” e “Rock You Like a Hurricane” não vão faltar e serão sempre amados temas de uma banda que é marco na minha vida, uma permanente "suspeita" de um "costume" dos bons.



A banda que se juntou pela primeira vez, em 1965, tem na longevidade e, consequentemente, na idade, a sua maior força.

Há uma década muito se especulou sobre o fim da banda. Que, a acontecer, não seria anormal. Mas decidiram seguir em frente, apesar das fragilidades. Nos últimos anos pouco têm falhado em Portugal: Março de 2014 (Lisboa), Junho de 2016 (Lisboa), Julho de 2017 (Porto), Julho de 2018 (Oeiras), Junho 2019 (Lisboa), Maio de 2022 (Lisboa) , Julho de 2023 (Braga) e agora Junho de 2024 (Lisboa).

Se muito se discutiu, no seio da própria banda, o final do grupo na última década, e muitos de nós tem dúvidas se não deviam encontrar o merecido descanso, a verdade é que a celebração dos 50 anos de carreira, relançaram a vitalidade que os caracteriza.

Klaus Meine aguentou muito e de forma estóica mas começa a ser demasiado evidente – e natural - a fragilidade, vocal e física do vocalista. Rudolf Schenker e Matthias Jabs ajudam, e muito, em momentos enérgicos ao longo de todos os concertos. Estou com muita curiosidade para ver como lidará com isso num Rock in Rio, num contexto e público completamente diferente. 



É difícil para mim falar deles. Eu, que nasci em 1981, não devia ser herdeira de um produto musical que não me pertence por legado geracional.

Mas não quis assim a minha vida. Nem o destino que a atravessou até hoje. Com dezenas de concertos na bagagem que já levo, sabendo das limitações, a verdade é que continuam irrepreensíveis na execução, na escolha dos alinhamentos, sejam mais roqueiros ou evidenciem as eternas baladas.

Continuam a não faltar acrobacias de puro rock com as guitarras afinadas e as famosas declarações de amor de Klaus Meine ao público português, um dos que mais lhes deu neste meio século de rock. Será isso que o público este sábado pode esperar da banda que vendeu mais de 100 milhões de discos em todo o Mundo. 

Eu, lá estarei, mais uma vez, na primeira fila, sem vos falhar, boys! Até quando? Só Deus sabe! 


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