Algarve serrano: à descoberta da paciente cozinha do Sul

No barrocal algarvio cozinha-se sem pressas. De Alcoutim a São de Brás de Alportel, a gastronomia com ares de Mediterrâneo domina nas mesas dos restaurantes. Não faltam, também, sabores do rio e as famosas feijoadas e ensopados, que, outrora, eram alimento de sustento das gentes serranas para enfrentar cada jornada. Começa aqui um pouco da descoberta da paciente cozinha do Sul.
Texto e Fotos: Ana Clara 
Isabel Ribeiro, proprietária do restaurante «Cantarinha do Guadiana» (no Monte das Laranjeiras, em Alcoutim), uma antiga casa de pasto, confeciona há dez anos pratos regionais com sabor a barrocal. Aqui dominam os pratos do rio, ou não corresse o Guadiana mesmo à porta.
Isabel é também a cozinheira do espaço que gere nesta localidade raiana e explica que, aqui, a gastronomia local varia consoante a época do ano. Na primavera dominam as sopas de tomate, as ovas de saboga, as sopas do rio ou os ovos fritos com tomate. No verão é tempo dos peixes do rio que saem da grelha para a mesa, entre eles, o robalo, o linguado e a corvina.
Já no outono é tempo de os pratos de caça serem reis, com o coelho e a perdiz a serem os eleitos da época. Já no inverno chegam os pratos de porco.
Depois há os pratos típicos da cozinha serrana que saem da cozinha de Isabel o ano inteiro: os cozidos, as feijoadas, as cabidelas e as célebres migas.
Já na doçaria são as receitas de alfarroba, amêndoa, figo e mel que prevalecem. «Tudo porque são os produtos locais que mais abundam por aqui», enfatiza Isabel.
Manter a tradição da confeção «é o segredo», diz a proprietária que critica as portagens na A22 (Via do Infante), que lhe roubaram muitos clientes. 
A cozinha do interior algarvio é toda ela centrada nos produtos endógenos, «algo que faz do negócio uma mais-valia local», considera também a Dona Martinha (como faz questão de ser tratada), do restaurante Adega Nunes, no Sítio dos Machados, em São Brás de Alportel.
O espaço, onde outrora funcionou uma antiga adega, está povoado de objetos decorativos e utensílios tradicionais que transportam quem aqui entra para as tradições algarvias da agricultura e da serra.

Há 20 anos que aqui se come «comida caseira, tal como faziam as nossas avós no passado», afiança Dona Martinha.
A base é a «tradicional cozinha mediterrânica» e na ementa há pratos para todos os gostos. Desde massinha de peixe, jantar de grão, jantar de feijão, feijoada, coelho, porco, ensopado de borrego, pratos de cabidela ou javali.
Sabores que «os portugueses adoram» e que «surpreendem os turistas, pouco habituados a este tipo de cozinha».
«Aqui cozinha-se como antigamente, sem pressas. Comecei a cozinhar, incentivada pela minha mãe, e há receitas que só resultam se mantivermos o segredo», conta Dona Martinha.
Os doces são, à semelhança da «Cantarinha do Guadiana», confecionados à base de amêndoa, alfarroba e figo. 
Mais informações sobre a gastronomia algarvia, contacte o Turismo do Algarve.
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