Turismo rural. Uma economia com futuro.


No final da semana passada Reguengos de Monsaraz acolheu um seminário internacional dedicado à temática do turismo rural. O encontro, que debateu os desafios deste sector com enfoque no Alentejo, possibilitou a partilha de experiências de especialistas nacionais e internacionais, para dar a conhecer boas práticas que podem trazer mais turistas ao território. O turismo rural foi, durante muitos anos, abandonado pelos agentes turísticos bem como uma área ignorada pela economia e poderes instituídos. Em parte porque não se assumia como um sector competitivo. Por outro lado porque havia muitas pontas soltas para unir. Contudo, nos últimos anos, e com o Turismo nacional a crescer no país, o turismo em espaço rural mudou o paradigma. Os empresários que apostaram neste conceito em espaço rural delinearam estratégias de atractividade, suportando-se na riqueza do território, nas ofertas naturais e oferecendo serviços de qualidade. Para os agentes não há turismo rural sem ter em conta o desenvolvimento integrado do território com o ambiente, a agricultura, a cultura e a boa gestão de recursos humanos. E se é verdade que sem pessoas não há turismo rural também é verdade que no Interior o despovoamento cresce a bom ritmo. Um dos grandes desafios do crescimento do turismo rural passa também por criar emprego nestas regiões e trazer nova vida a dezenas de aldeias e vilas deste país. Ainda muito há por fazer mas há já muitos bons exemplos no país de como é possível trazer gente a lugares recônditos e isolados. Para isso, defendem os agentes, são necessárias políticas e estratégias que permitam dar visibilidade aos territórios do interior. Um trabalho que passa pela comunicação e promoção do sector e uma aposta na diferenciação através dos produtos endógenos com o propósito de captar maiores fluxos de turistas estrangeiros. Hoje o perfil do turista é completamente diferente, mais culto, mais informado e que, muitas vezes, procura experiências diferentes. É também por isto que, na comunicação do território, são fundamentais aspectos como a valorização dos produtos regionais, apostando na diferenciação e na autenticidade, na qualidade do atendimento, no aumento da oferta de serviços, e na forma como se oferece o produto. O trabalho em rede é, pois, fundamental. E neste ponto é essencial que autarquias, empresários e associações de desenvolvimento local se unam. Porque só desta forma é possível criar uma marca que conquiste o turista. O turismo rural em Portugal tem futuro e a crise económica despertou, provavelmente, o sector para um acordar estremunhado. Todavia, temos um território único no mundo, que bem trabalhado pode, de facto, ser uma oportunidade. Uma oportunidade que beneficia todos: os que o visitam, os que lá trabalham e o desenvolvimento económico local. Que o caminho seja sorridente e, mesmo com espinhos, acredito que, o turismo em espaço rural tem todas as condições para enriquecer um país que precisa desesperadamente de criar valor acrescentado.

*Crónica de 3 de Novembro, Antena Livre, 89.7, Abrantes. 

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