Os sobreviventes contarão a história
Professores que dormem em carros em Elvas. Acampamentos de tendas em Cascais, paredes meias com o colégio mais caro do país, onde dormem e saem todos os dias para trabalhar. Enfermeiros cada vez mais com a corda na garganta. Estudantes que abandonam o sonho de um curso superior porque as despesas de estudar numa grande cidade, como Lisboa, por exemplo, não são compatíveis com o orçamento disponível.
Esta é apenas uma ínfima parte do retrato de um Portugal em 2023.
Os custos da habitação, a inflação, os combustíveis, e tanto mais, impactam, como nunca na vida e na carteira dos portugueses.
Ninguém, no Governo, parece querer saber das dificuldades dramáticas sentidas na pele todos os dias. António Costa assobia para o lado e o seu ministro das Finanças parece nem existir. Lançam-se medidas paliativas que não chegam sequer a fazer mossa nenhuma.
Os salários, esses, continuam pelas ruas da amargura. Os da maioria, da classe média e baixa, pois claro.
Em pleno século XXI, pergunto-me para onde raio caminha este País que coloca em causa as gerações do presente e do futuro. Quando conseguiremos ser um País estável, economicamente viável e socialmente mais justo'?
Em 2024 celebramos os 50 anos do 25 de abril de 1974. Saberemos realmente quanto nos custou a liberdade e a clareza de um país mais justo? Alguns talvez, a maioria nem sabe o que isso é. Mas o País segue, com um Governo que já só é em secretaria e que está a leste dos reais problemas do País. Que venha o Orçamento do próximo ano, a festa da maioria absoluta e o descalabro do costume. Entre feridos e mortos, os sobreviventes contarão a história.
*Podcast/Crónica de 25 de setembro na Antena Livre, 96.7, Abrantes.
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