Com amor, dedicado a ti, Cristiano!
Há uma semana estive tentada a falar, nesta crónica, da
conquista do campeonato europeu de futebol. Estive, digo bem. Mas não o fiz. E
não o fiz porque sabia que ainda não estava tudo vivido. Há uma semana por esta
hora os novos heróis deste país estavam a chegar a casa, num dia que fica para
a história como único e épico. Portugal vence, pela primeira vez, na sua
história, um campeonato europeu de futebol. Um país, acabado de ser resgatado,
que precisa de auto-estima como nenhum outro, um povo que merecia, há muito,
uma felicidade assim. Alguns dirão que se trata apenas de futebol. Que a
felicidade, essa, é efémera. Que tudo passa e que daqui a meses a euforia já
passou. Mentira. Pura mentira. Esta conquista representa um marco na história
de Portugal. Simboliza sacrifício, esforço, dedicação e glória. Significa que
nós, portugueses, essa nação sempre puxada para baixo, é melhor do que muitas
vezes julga. Significa que temos valor e que desistir é palavra proibida num
lugar onde todos nos dizem que somos incumpridores, que somos preguiçosos, que
valemos menos que os outros. Neste percurso fantástico há toda uma equipa,
coletiva, que representa a tal nação valente, mas há um comandante, como em
todas as equipas, que se destaca, que nos mostra que vale a pena acreditar que
somos bons e temos valor. Essa figura
chama-se Cristiano Ronaldo e permanecerá na galeria dos maiores símbolos do
desporto, do país e do Mundo. É não é só um dos maiores portugueses de todos
os tempos ao nível de Afonsos Henriques, Vascos da Gama ou até mesmo Eças de
Queirós. Olhemos para ele como alguém que nos incentiva a acreditar em nós
mesmos. E que nos diz, em alto e bom som: nunca, nunca mesmo desistam de vós
próprios. Na semana de todos os sonhos, também assistimos ao regresso do pesadelo
de todos os tempos. O terrorismo volta a atacar o coração da Europa. Os valores
da religião e crença fanáticos voltam a matar em França. Mais uma vez a Europa
sentiu na pele a violência do terrorismo que atira sem perguntar, que viola a
nossa liberdade sem pedir, que nos empurra para uma vida frágil, que ameaça o
que de mais simples temos como adquirido e a que chamamos de velhinhas
democracias europeias. Ou o eixo de influência política mundial age rápido e
eficazmente ou o terror fará parte das nossas vidas sistematicamente, tornando
o nosso mundo cada vez mais num lugar estranho.
*Crónica de 18 de julho, na Antena Livre, 89.7, Abrantes. OUVIR.
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