Estudo da UTAD alerta para perturbações patológicas no uso da Internet
As dependências no uso da Internet, associadas a
sintomatologias psicopatológicas, foram alvo de um estudo realizado pela
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), cujos resultados acentuam
as preocupações, em especial ao nível dos jovens.
O estudo, intitulado “Adição
à Internet: Relação com a Sintomatologia Psicopatológica e a Personalidade”,
foi desenvolvido pelo psicólogo Luís Afonso Ferreira, no âmbito do mestrado em
Psicologia Clínica, com orientação de Otília Fernandes e Inês Relva, docentes e
investigadoras desta área do conhecimento.
A investigação, que teve como amostra 418 indivíduos de todo
o país, sendo 166 do sexo masculino e 252 do sexo feminino, realçou a adição à
internet e o seu uso excessivo e desregrado como «fator precipitante para o
desenvolvimento de sintomatologia patológica» ao nível da depressão, ansiedade,
hostilidade e sensibilidade interpessoal.
Ao mesmo tempo, alertou para a
necessidade de «maior atenção por parte dos profissionais de saúde quanto aos
hábitos desenvolvidos online e da perceção que o próprio indivíduo tem do seu
grau de adição».
Acerca da personalidade demonstrou-se também que «o
neuroticismo elevado, caracterizado pela instabilidade emocional, e a baixa
conscienciosidade, caracterizada pela falta de organização, disciplina e
regras, evidenciam-se como fortes preditores da adição à Internet».
Mostrou
ainda o estudo que determinadas atividades, nomeadamente os videojogos e as
redes sociais, têm forte relação com a problemática, enquanto «atividades ligadas
a recompensas imediatas e mecanismos de imersão, fantasia, socialização,
competição e reconhecimento social, entre outros fatores que poderão servir
como “isco” a indivíduos predispostos ao desenvolvimento de uma adição».
Otília Fernandes, psicóloga clínica e uma das investigadoras
responsáveis pelo estudo, encara os resultados como sinais de alerta em
especial para os mais novos, que vivem colados aos smartphones e jogos.
«O
comportamento abusivo, qualquer que seja, e sobretudo na adolescência, que é um
lugar de todos os perigos porque a identidade está ainda em busca de um
caminho, deve ser considerado um sinal, um sintoma de que algo não está a
correr bem», justifica a investigadora.
Tudo isto não é novo. Sabemos que as redes sociais vieram mudar as sociedades e os seus comportamentos. Cabe a cada um de nós geri-las, apenas e só, de forma segura, saudável e racional. Criar dependências com esta nova realidade é abdicarmos de sermos donos e senhores da nossa vida, das nossas opções, da nossa realidade.
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