À descoberta dos petiscos da Gafanha da Nazaré

Feijoada de samos. Foto: Ana Clara

A gastronomia da Gafanha da Nazaré (Ílhavo) funda-se nas práticas alimentares da comunidade piscatória. No restaurante «O Porão» provamos especialidades que «não se encontram à prova em qualquer lado», como garante o proprietário João Costa. À mesa chega a feijoada de samos, as línguas de bacalhau, comuns na cozinha dos pescadores que embarcavam para a pesca do bacalhau nas gélidas águas do Atlântico.
Texto: Ana Clara

Há cinco anos que João Paulo Costa está à frente do restaurante «O Porão», localizado na Rua da Saudade, na Gafanha da Nazaré. 
Uma casa que abriu portas há 17 anos mantendo-se até hoje «fiel à tradição bacalhoeira» regional.
Aqui, o «fiel amigo» é rei, como não podia deixar de ser, ou não fosse a Gafanha uma terra profundamente ligada à pesca do bacalhau. 
N’«O Porão» predominam os pratos tradicionais de bacalhau. Contudo, é nas partes menos nobres e que a indústria «deitava fora» que reside um dos «maiores segredos» da cozinha deste restaurante. 
Partes essas que, explica João Costa, «eram aproveitadas pelos pescadores para alimentar o estômago» nos longos meses que passavam no mar. 
No seu restaurante são «estas partes» que se servem «também à mesa» com «a mesma dignidade» dos restantes afamados pratos de bacalhau. Um deles é a famosa feijoada de samos, expressão que os bacalhoeiros chamaram de «Samos», e confeccionada com a bexiga-natatória do peixe. 
As línguas de bacalhau são outra especialidade da casa e «um verdadeiro petisco» procurado «por muitos clientes» que ali se deslocam propositadamente para as provar. 
Tanto os samos como as línguas são conservados em salmoura e «antes de serem cozinhados são também demolhados para retirar o sal em excesso», explica o responsável daquele estabelecimento. 
Mas para aqueles que gostam de petiscos n’«O Porão» há um prato que contém todas estas partes menos consumidas: é o designado «misto de bacalhau abafado», confeccionado com os tais derivados [línguas, caras, samos e badanas (a orelha do bacalhau)]. 
João Costa não tem dúvidas: «o bacalhau é uma fonte riquíssima da economia da região e do país e por isso mantém a aposta na restauração e no estabelecimento».
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