Covid-19: não permitam a toxicidade, combatam a desinformação e a mentira
Isto ainda mal começou. Temos, pela frente, uma longa e dura
batalha de isolamento, em casa, naquele que é o maior desafio coletivo das
nossas vidas.
Quem conhece a dinâmica do teletrabalho – e para quem o tem
na sua rotina diária – sabe que não é nada fácil gerir 24horas entre quatro
paredes. Não tenham dúvidas: trabalhar em casa exige uma disciplina exemplar,
uma capacidade de resistência enorme e uma resiliência ainda maior.
Eu, por força da minha profissão, trabalho alguns dias do
ano neste sistema, por necessidade, por razões de produtividade. A minha redação,
como imaginam, é, muitas vezes, lá fora. Por vezes, dias seguidos. E o lá fora
implica, diariamente, uma reorganização da agenda, da dinâmica do dia, desde o
levantar ao deitar.
Como eu, milhares de pessoas. Mas o que temos todos hoje, enquanto
coletivo, é um teletrabalho em forma de prisão domiciliária, e que altera
profundamente o sentido do trabalho à distância tal como o conhecemos.
Não vou falar do futuro, nem das dificuldades, nem sequer do
incerto que coloca as nossas vidas num ponto suspenso. Estamos todos cansados
já disso, porque sabemos todos o que temos de fazer.
Mas este sábado, numa espécie de dia 1 do meu isolamento,
tomei uma decisão. Pessoal. E que, em muito me ajudará, a superar tudo isto.
Não vos dou o mesmo conselho porque cada um de vós terá
outras necessidades e outra forma de olhar para o assunto. Mas sinto que,
enquanto jornalista e cidadã, tenho a obrigação de deixar o alerta e a minha
preocupação sobre este assunto: combater a desinformação e a mentira.
Falo da decisão de me afastar, a nível pessoal, de tudo
quanto sejam redes sociais – nomeadamente o Facebook e Instagram. Junto também o WhatsApp, onde tenho recebido informação suspeita, seja em áudio ou em vídeo, É
impressionante a quantidade de fake news – algumas com nível de gravidade enorme
–, de partilhas perigosas, sem fundamento nem validação, de ódios crescentes
que por ali lavram.
Em parte, nada disto é novidade para mim, há largos meses
que me tinha distanciado sobretudo do Facebook pelo nível de toxicidade que me
provocou nos últimos anos. Infelizmente tenho de as gerir, porque o meu
trabalho assim o exige, mas tenho forma de evitar tudo o resto, o lixo
abundante e podre que por lá se pavoneia.
Contudo, compreendo que o isolamento a que (quase) todos
estamos confinados nos conduz a desesperos, atos inconsequentes, a partilhar
tudo e mais alguma coisa. É humano, é compreensível. Mas só cada um de nós
poderá avaliar o caminho que pretende seguir e se quer ou não deixar-se
contagiar por uma enorme vaga de loucos e de gente que claramente perdeu a
noção da responsabilidade.
Para mim, bastou-me ontem ter utilizado mais a rede para
compreender que não posso permitir-me a isto.
Tenhamos todos consciência de uma coisa: as consequências
pessoais que nos esperam, por tempo indeterminado, podem ser muito perigosas. E
é essencial criar meios de defesa para o que aí vem. O contexto em que famílias
inteiras irão estar a partir de amanhã pode – e vai – trazer danos psicológicos
enormes. Temo que muitos, mais frágeis – por várias razões – possam arriscar
depressões, estados anímicos muito preocupantes e que o teste a que vamos todos
ser submetidos nem todos o irão superar da mesma forma.
Para ajudar, além de termos de prosseguir com as nossas
vidas dentro de quatro paredes temos, ao mesmo tempo, de nos proteger do
Covid-19, seja em casa, seja quando saímos à rua por extrema necessidade.
Informação fidedigna e responsável é aquela que decidimos em cada momento procurar. Decisiva numa pandemia como esta que vivemos
Como imaginam, isto ainda mal começou e já estamos todos com
saudade das nossas vidas que ficaram suspensas lá atrás num lugar do qual nunca
pensamos que seria possível sair e que demos como certo para o resto dos nossos
dias.
Três alertas que considero importantes deixar a quem me lê, seja uma pessoa ou mil, as que forem:
1) Informação
fidedigna e responsável é aquela que decidimos em cada momento procurar. Decisiva numa pandemia como esta que vivemos. Por
isso, deixo-vos alguns sites que devemos procurar diariamente para nos
atualizarmos e ficarmos informados sem quaisquer tentativas ou medos de “bebermos”
a informação correta e muito menos sem sermos invadidos por opinion makers
impulsionados pela missão de desinformar:
→ Direção Geral de Saúde: www.dgs.pt
→ Linha de Saúde SNS24: www.sns24.gov.pt
→ Covid-19 – microsite dentro do sítio da DGS dedicado ao
Coronavírus: covid19.min-saude.pt
→ Portal do Governo: www.portugal.gov.pt/pt/gc22
→ OMS: www.who.int
→ OMS em Português: https://www.who.int/eportuguese/publications/pt/
→ Comissão Europeia: https://ec.europa.eu/info/index_pt
→ Câmara Municipal da sua área de residência, no meu caso,
Lisboa: www.lisboa.pt
→ Segurança Social: www.seg-social.pt
→ Finanças: www.portaldasfinancas.gov.pt
→ Polícia de Segurança Pública: www.psp.pt
→ Guarda Nacional Republicana: www.gnr.pt
→ Instituto Nacional de Emergência Médica: www.inem.pt
2) A
segunda nota que vos deixo é apenas e só sobre a necessidade de estarem
atualizados pela imprensa de forma fidedigna. Online podem fazê-lo apenas e só acedendo aos sites
oficiais do mundo inteiro. Ainda que a comunicação social cometa
erros, não se esqueçam, sem uma imprensa séria e livre na nossa sociedade seremos todos mais
fracos. Também nestes tempos, nós, jornalistas, temos o desafio das nossas
vidas: continuar a informar as pessoas mas fazê-lo de uma forma responsável,
porque a tragédia é séria e precisa de ter uma resposta à altura. Por isso,
deixo-vos um site muito completo onde constam todos os sites dos principais órgãos
de informação nacional e mundial: www.eusou.com/jornalista/.
Desta vez não houve tempo para despedidas, nem das nossas famílias, nem dos nossos amigos, nem dos nossos colegas de trabalho. As redes sociais têm igualmente essa capacidade de nos manter próximos. Então vamos usá-las com sentido de responsabilidade e utilidade
É aí que devem procurar informação, não é
nada rede. Por fim dizer, que as redes sociais obviamente têm muitos aspetos
positivos, desde que usados da forma mais correta e positiva. Um deles é também
consultarem as páginas oficiais de todas estas entidades de que vos falo, na
certeza, porém, de que deverão sempre analisar e verificar a fonte de
informação que escolhem.
Desta vez não houve tempo para despedidas, nem das nossas
famílias, nem dos nossos amigos, nem dos nossos colegas de trabalho. As redes
sociais têm igualmente essa capacidade de nos manter próximos. Então vamos usá-las com sentido de responsabilidade e utilidade.
Será que é assim tão difícil separar o trigo do joio nas
nossas vidas? Distinguir o essencial do lixo que temos de separar e deitar fora?
Quanto a vocês não sei, mas cada escolha é apenas e só cada escolha. Legítima.
Mas serão elas, as nossas escolhas, que determinarão a forma como vamos todos
combater isto.
3) A
última nota, para dizer que o Platonismo apenas partilhará, a partir de hoje, a
informação estritamente necessária sobre a pandemia que temos em mãos. Sei, por
experiência própria, que em certos tempos, a ausência de informação é a melhor
ajuda para não provocar mais danos na opinião pública. De resto, o Platonismo
continuará a alertar para o país e o mundo, e para realidades essenciais da
nossa vida.
Por fim, dizer que é essencial não perder a esperança, fazermos
todos o que temos de urgente para fazer agora. Só assim será possível ajudar
aquela que é a nossa casa, Portugal, a resistir e a acabar com isto o mais
depressa possível. E digo-vos, com o coração a sangrar, borrada de medo, que não é tempo de ódios nem de "eu sou melhor do que outro e sei mais do que todos". É tempo sim, de darmos o melhor de nós, dentro das possibilidades de cada um.
Fiquem bem e em segurança. E já agora, que, em responsabilidade,
que tenhamos a possibilidade de não perder o humor. É ele também um pilar que
nos pode ajudar neste futuro que não sabemos onde terminará.
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