Uma sala de chuto assistida na Mouraria? Sim, mas com reservas.


Fiquei hoje a saber que no bairro da Severa (Mouraria, em Lisboa) pode vir a existir uma sala de consumo assistido para estupefacientes. A decisão está nas mãos da autarquia liderada por António Costa, que recebeu esta semana um relatório que aponta o bairro como o local indicado para a tal «sala de chuto», falando em português clarinho. Quer se queira quer não (e eu sei do que falo, porque conheço aquelas ruas e calçadas como ninguém, por razões de trabalho) a verdade é que as imagens tenebrosas que nos chegavam da Mouraria, com consumo de droga a céu aberto, há muito que mudou. A revitalização por que passou o bairro (e que continua por acabar) levou à diminuição do consumo no meio da rua, mas a verdade é que não chega e é fundamental dar a mão a pessoas que precisam de ajuda para sair do terror em que entraram. Não sei o que fará a edilidade, mas uma coisa é certa, se falarmos de uma sala de chuto com caminho preventivo, em que se acompanham as pessoas, tentando retirá-las, paulatinamente, da doença, é uma boa solução. Agora, se a ideia é passar a isolá-las apenas para colocar mais turismo no bairro, sem apoio, e fazendo delas autênticas armas eleitoralistas, condenarei a decisão, hoje e sempre. A Mouraria merece ressuscitar e os toxicodependentes que caíram na desgraça merecem uma oportunidade para se salvaram, com ajuda, com uma mão estendida, e não apenas com uma clausura de contentor.

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